O “confusionismo” gerado pelos e-mails


Texto restaurado e remixado

Conheço um sujeito que tem horror as chamadas novas tecnologias. Ele tem opiniões fortes e sempre muito bem humoradas. Como exemplo desse seu horror ao que chama “dessas maquininhas” está um fato curioso. Tempos atrás ele participava de uma reunião, mesa grande, várias pessoas e percebeu que duas delas não paravam de mexer em seus celulares. A reunião acabou e ele, curioso, perguntou o que as duas estavam fazendo. “Estavam trocando mensagens pelos celulares”, conta entre fulo da vida e achando graça. “Por que não esperaram a reunião acabar e foram bater um papo?”, pergunta.

Tenho uma relação íntima com a Comunicação das novas tecnologias desde o início dos anos 90. Com prazer mantenho este blog, escrevo para alguns lugares, lancei um livro eletrônico, vulgo e-book (MANUAL DE SOBREVIVÊNCIA NA SELVA DO JORNALISMO – http://nitpress.webstorelw.com.br/t/e-books/), enfim, chafurdo direto. Mas sou extremamente cauteloso quando o assunto é enviar e-mail.

A maioria das pessoas que troca e-mails comigo é desconhecida. Boa parte não sabe escrever direito o que gera uma série de confusões, ruídos na comunicação e, muitas vezes, o que era para ser simples acaba numa grande babel regida pelo mal entendido. Se a nova Comunicação, em vez de e-mail, adotasse a pintura ou o desenho, eu estava ferrado. Não sei desenhar a mais tosca das árvores. Continuaria utilizando o telefone, telegrama, carta no correio, mas pintura e desenho jamais.

Só que muita gente, mesmo sem saber escrever (deixo claro que ninguém é obrigado a nada) dispara e-mails que chegam as raias do surrealismo. Se eu não soubesse escrever, o máximo que teclaria num e-mail seria, por exemplo, “preciso falar com você” ou então, como disse ali em cima, partiria para o telegrama e telefone. Ainda mais agora que as operadoras de celulares estão se comendo no escuro e, tudo indica, essa caríssima modalidade de comunicação tende a ficar menos extorsiva.

Não solto pipa perto das redes elétricas. Nunca enviei um desenho para qualquer pessoa como meio de comunicação. Aliás, francamente, desisti de desenhar aos 15, 16 anos, quando percebi que não dou para isso. Quanto a quem manda e-mails sem saber escrever, sugiro que...sugerir o que? Que situação constrangedora. Tá bom, sugiro que não envie para mim porque detesto charadas.

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