Medo de polícia

Texto restaurado e reeditado

Não vou por na conta da ditadura porque, felizmente, nunca fui preso nem torturado, mas confesso que tenho medo de polícia. Não gosto de ver um carro da PM porque sei que, à bordo, estão, em geral, dois primatas fardados mal treinados, inexperientes, psicologicamente imaturos e com o dedo no gatilho de armas de grosso calibre, ou com as armas que cospem balas de borracha que estão longe de ser “não letais”, como afirmam os governantes.

Toda semana morre um por “fatalidades” provocadas por policiais. Estranho, mas ao invés de causar segurança, tranquilidade, um carro da polícia me deixa ansioso, inseguro, com a sensação de que vou tomar bala a qualquer momento por...por...por nada. Por isso, sempre ando com todos os documentos, IPVA do carro pago, vistoria feita, identidade, CPF, enfim, apesar de nunca ter sido preso (nem por desacato) a presença da polícia me provoca um profundo mal estar. Lido com policiais da mesma forma que me relaciono com cachorros que não conheço. Gesticulo lentamente e procuro falar pausadamente e com a voz baixa. Movimentos bruscos podem custar a vida.

Quando me pedem documentos faço tudo em câmera lenta. O momento mais crítico é quando vou soltar o cinto de segurança do banco. Sempre aviso, “vou por a mão aqui para soltar o cinto”. Ainda assim, a presença daquela pistola ou fuzil a meio metro de minha cabeça, nas mãos de um policial visivelmente nervoso e despreparado, quase me leva ao desatino.

Um dia desses, numa roda de amigos, percebi que não sou o único a ter medo de polícia. A maioria confessou o receio e a ansiedade que um carro da polícia provoca nos inocentes. Nos culpados, sinceramente não sei. Mas está aí a realidade mostrando que estamos lidando com homo sapiens sociais, boçais fardados, que respondem a qualquer suposta provocação com tiros.




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