Copa nas coxas num país feito em cima da perna
Obras de vários estádios atrasadas apesar de custarem uma
dinheirama infinita aos cofres públicos, ou seja, a nós. Obras em aeroportos
também se arrastam, atrasam, a ponto de algumas autoridades-atrizes aparecerem
na TV simulando raivinha, rosnando falso, batendo o pesinho contras as
empreiteiras que não são de sua predileção. Ou alguém ainda duvida que existem
empreiteiras, digamos, mais queridinhas?
Brasil, o país da Copa, estará pronto para o maior e
mais fútil espetáculo de futebol da Terra? Não, mas a malandragem vai dar um
jeito de maquiar tudo. Afinal o Brasil está nas coxas na saúde, educação,
infraestrutura, combate à corrupção, enfim, é uma nação que está largada (des)
graças a um governo que só vê espelho e urna na sua frente.
A Copa simboliza a maneira como o governo conduz o
decantado (por ele) desenvolvimento da nação: nas coxas. A mediocridade é
tamanha que a presidente convocou ministros para discutem o rolezinho, temendo
que seja um pavio. Um pavio revolucionário e caótico que será aceso quando? Na
Copa é claro. O governo não pode sorrir para o rolezinho (por causa da classe
média) e não pode surrar o rolezinho (por causa das classes mais pobres e dos
partidos nanicos que apoiam o suposto movimento).
A Copa virou o princípio, o meio e o fim. Afinal, vai
acontecer três meses antes das eleições para presidente, governadores,
senadores e deputados federais e estaduais. Provavelmente vai ser a campanha
mais cara da história porque terá que capturar um eleitor supostamente
anestesiado pelos vapores da Copa. Ganhe o Brasil, perca o Brasil, o torcedor
ainda estará lesado em outubro, mês eleitoral.
O que o governo não quer admitir (será que não sabe?) é
que o povo mudou. O povo que vai votar (a força) em outubro vai julgar a saúde,
educação, segurança pública, cultura e, alguns poucos, a Copa do Mundo de
Futebol.
Acabou essa balela de que “o povo alienado mistura Copa com política”.
Com a seleção ex-canarinho (há quem chame, hoje, de canalhinha) vencendo ou
perdendo, a maioria dos eleitores vão para as urnas pensando em mensalão, saúde,
segurança pública, educação, corrupção.
Aquele povo que ficava histérico a ponto de votar em
qualquer governo quando o Brasil ganhava não está mais aqui. Amadureceu e partiu,
rumo ao infinito. Aquele povo que era usado como massa de manobra em tempos de
manifestações nas ruas, pegou um táxi e partiu. Ou seja, estamos diante de um
outro Brasil, com outra República, outros brasileiros.
No fundo o governo sabe disso e lastima. Lastima que o
brasileiro não seja mais aquela foca amestrada capaz de fazer qualquer coisa em
troca de uma sardinha. Felizmente, em outubro, vença o Brasil, não vença o
Brasil estará nas cabines para julgar o governo que tenta desesperadamente
manipula-lo com suas bolsas isso, bolsas aquilo. Por isso me arrisco a dizer
que esse brasileiro também já não existe mais. Que bom!
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