Foi num domingo, não muito distante, que o Facebook me censurou. Deve ter se arrependido.
Texto
restaurado e remixado.
Domingo é dia de leveza, de banzo. Preguiça de
levantar, de sair, ir a praia. Vontade de dar “pause” e ficar à toa. Domingo é
o dia do “nada de novo existe neste planeta” Os jornais chegam obesos as
bancas, com 70% dos assuntos classificados pelos mal humorados abutres
existenciais como “dispensáveis”.
Os amargos e rancorosos costumam golfar que “jornal de
domingo é fútil e inútil”. Como um apaixonado pela profissão, surfando em redações
e afins desde os 16 anos, não acredito em bons jornais frívolos. Acredito, isso
sim, em jornalistas bananas, ou afetados, ou salta pocinhas (essa roubei do
grande Paulo Francis) que perambulam por aí.
Ou, pior ainda, já vi, vejo e verei jornalistas ruins
que conseguem trabalhar porque são baratos. Só por isso. E tome eZiste com Z,
notícia mal apurada ou o “googlepress”. Para eles, está no Google é lei. Se
sair lá que um ovo botou uma codorna eles copiam colam no texto e publicam, sem
o menor constrangimento.
Lembro que, tempos atrás, num domingo, estava navegando
na web à caça de mais notícias sobre a tragédia no Japão quando, para dar uma
refrescada, entrei no Facebook. Fui recebido por uma nota da trilhardária
corporação informando que eu, não pacato cidadão brasileiro, ficaria (como
fiquei) sete dias sem poder convidar ou aceitar convite de ninguém na referida
rede social. Motivo, segundo eles: uma denúncia informou que eu teria rompido
com o regulamento da instituição, que mais parece manual de convivência de
Clarissas enclausuradas.
Claro que fiquei furioso. Afinal, quem mexe com
Comunicação e acata uma denuncia sem apurar é amador. Ou safado. No caso do
Facebook, fico com a segunda opção e também com a primeira. E se você conhece
algum jornalista que não tem um, apenas um desafeto, desconfie. Ou é
incompetente ou incompetente. São as únicas opções.
Jornalistas que exercem plenamente a profissão (sem
modéstia alguma eu me sinto nesse bolo) com certeza acabam fazendo com que
alguém se sinta contrariado. Vocês acham que Collor adora bons jornalistas? E Sarney?
E o diretor de uma novela ruim? E...(a lista é infinita).
Aí um desafeto desses vai lá no Facebook e diz que eu
estou rasgando o regulamento deles que está colado no elevador virtual da
corporação. Acho que eles falaram em Normas de Conduta. Hahahahaha, na boa,
querem coisa mais abstrata?
O que fiz? Pedi socorro a amiga Jussara Simões,
tradutora top de linha. Escrevi um texto curto (que ela passou para o inglês) e
mandei para eles. Na mensagem, elegante por sinal, eu convido a corporação a
fazer uma devassa em minha página para ver se há algum desvio de conduta, de
ética, de honestidade.
Não deu em nada porque a tal corporação não passa de um
amontoado de robôs controlados por nerds falso-moralistas que ficam o dia todo
descabelando o palhaço olhando pelo buraco da fechadura do banheiro feminino.
O que mais me intriga nisso tudo é que o tal do
Facebook é chamado de “rede social”. Belo título. No entanto, pela terceira vez
eles me dão uma carcada, sempre baseados em “uma denúncia”. Começo a crer que
aquilo não passa de uma rede anti-social, alimentada por delatores de baixa
categoria. Não é o caso deste blog. A
empresa que hospeda o site (Blogger) até agora não se meteu comigo.
No caso desse travesti chamado Facebook, já seria de
péssimo gosto censurar. Ainda mais baseado em “denúncias” vãs. Quer dizer que
se eu escrever para lá dizendo que uma moça chamada Chapeuzinho Vermelho anda
molestando um lobo na floresta, o que é um acinte a moral, aos bons costumes e
também a ecologia, eles vão lá e crau? Sem apurar? Sem saber se é ou não é? Sem
ouvir a outra parte? Na boa, os bordéis são muito mais éticos e profissionais.
Mas como disse na primeira linha, hoje é domingo. Para
vocês, queridos leitores, desejo sombra, água fresca, muita saúde, praia, neve,
o que há de melhor em cada ponto do mundo onde esta coluna chega. Mas para a
rede anti-social tenho uma péssima notícia: não vou sair de lá. Vou continuar
fazendo o que faço, conversando com pessoas legais, postando músicas, fotos,
obras de arte, enfim, tudo o que aquela perobada, aquela playboyzada de
american pie desconhece.
Acho que o bom censor tem que saber o que está
censurando. No mínimo. Na ditadura brasileira a censura era burra pra cacete.
Até “Memórias Póstumas de Brás Cubas”, que Machado de Assis publicou em 1880,
os primatas degolaram achando se tratar de um manifesto cubano. Eu mesmo já
atendi a seguinte ligação de um censor: “Fica proibida a divulgação, menção ou
mera referência ao vestido da excelentíssima esposa do Ministro da Agricultura,
Fulano de Tal”. Não sabíamos de nada e a própria censura abriu nosso apetite.
Fomos apurar. Fato: a tal senhora levantou o vestido num vão de escada onde
copulou animadamente com um dos convidados. Tipo da notícia que, para mim, não
tem o menor interesse. O vestido era dela, podia levantar para quem quisesse e
a imprensa dita séria tem mais o que fazer. Mas, censura é censura.
Encerrando, fica o alerta: rede social não existe. É
igual a disco voador e patrocínio, já vi mas não acredito. O que existe é um
monte de cartesianos bisbilhotando palavras, frases, fotos de pessoas
distraídas que entram no Facebook para se distrair, fazer contatos
profissionais e tudo mais. Sim, mudei e passei a tratar aquele muquifo digital
como mídia eletrônica no dia 14 de dezembro de 1968, o dia seguinte da
assinatura do AI-5 no Brasil, que matou, torturou, perseguiu, sequelou. E nós,
jornalistas, achamos uma delícia passar com a bola entre as pernas desses
répteis.
P.S. – Como há muita gente do bem sendo vitimada pelas
hienas do Facebook, aqui vai o texto que mandei para lá, traduzido pela Jussara
Simões. Basta copiar, colar e assinar porque eles não sabem diferenciar nada.
Vamos lá:
Para: support@fb.com; domain@fb.com
Assunto: Justice!
Dear Sirs,
Just over one hour
ago (8:30 PM - GMT -3), I was told by Facebook that I won't be able to add new
friends or be added for seven days.
On the note
Facebook sent me, they said I've been punished because I broke the rules of
behavior (Facebook's Statement of Rights and Responsibilities).
This is not true. I
invite you to scan my Facebook rpofile, where you´ll only find Arts, Culture,
Friends, City, Life. If you visit
http://pt.wikipedia.org/wiki/Luiz_Antonio_Mello, you'll see who I am, my life
history, and my CV.
I kindly request
that you lift this suspension because I've done nothing wrong, and I must have
been denounced by some envious person, which is something that usually happens
to well known journalists.
My best regards, AQUI ENTRA SEU NOME, CIDADE E PAÍS. Só
isso.
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