Ayrton Senna
Vinte anos atrás. Domingo. Como sempre eu assistia a corrida de F1 pela TV e, sem mais nem menos, Senna seguiu reto com sua Williams. Bateu violentamente no muro, mas apesar da gravidade da batida, como todo mundo, eu esperava que ele fosse sair do carro. Afinal, a segurança dos carros atingira um ponto semelhante a blindagem. Mas, não foi isso o que aconteceu. Senna não se moveu. Numa imagem feita de um helicóptero, vimos sua cabeça tombar para a esquerda, suavemente. Só.
Sozinho, angustiado, sem conseguir chorar, diante
daquela tragédia que crescia na TV, larguei tudo e peguei meu carro. Fiquei
rodando pela cidade (vazia), com vontade de ligar para meu amigo Hilário
Alencar que, com certeza, devia estaria arrasado em algum lugar. Dos meus
amigos, Hilário é o que mais ama e conhece automobilismo. Mas, também não sei
porque, não liguei para ele e fui parar em casa de outros amigos na Região
Oceânica de Niterói. Não, não dava para passar aquele 1 de maio de 1994 sozinho,
apesar de já ter me resignado e percebido que a solidão se tornara a minha mais
frequente companheira já naqueles tempos.
Soube da morte do Ayrton pelo rádio do carro. Não
custei a acreditar porque vi o acidente, vi a pancada, percebi (como todo
mundo) que o piloto não sairia do carro, especialmente depois que mostraram o
piloto estirado no chão.
Em casa de amigos, luto. Eles tinham preparado um
almoço para comemorar não sei o que, mas não tive apetite algum. Continuei
colado na TV, assistindo aquele circo de horrores, sem conseguir definir ao
certo o que estava sentindo. Luto? Torpor? Angústia? Até hoje não sei.
Passei um bom tempo sem assistir a F1 aos domingos
porque perdi temporariamente o interesse, mas depois voltei a manter contato
com a competição. Afinal, é meu esporte preferido. Quanto ao Ayrton, na boa,
até hoje fica difícil de entender. Muito difícil. Especialmente depois que
assisti ao esplêndido documentário “Senna”, de 2010, dirigido pelo inglês Asif
Kapadia. Vale a pena correr atrás, baixar da internet, pegar numa locadora de
vídeo. Agora!
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