Enfim, a desmistificação do livro

Fui visitar o 4º. Salão da leitura, inaugurado no último sábado no Caminho Niemeyer, centro de Niterói. Quem quiser mais detalhes basta acessar http://www.salaodaleituradeniteroi.com.br/ . Fiquei maravilhado ao ver o sucesso de público, dezenas e mais dezenas de pessoas entrando e saindo dos estandes, comprando livros. Sensacional!

Felizmente o século 21 no Brasil traz de volta as feiras de livros. Em Niterói, São Gonçalo, Rio, enfim, em várias cidades brasileiras, escritores se encontram com leitores para conversarem sobre suas obras, debater, explicar, autografar. O mais importante é que a cada ano que passa o interesse por esses eventos aumenta, aguça a curiosidade das crianças, adultos, e de pessoas que mantinham uma cerimoniosa distância da literatura.

Há quem diga, com razão, que a literatura já fez todos os questionamentos em busca de soluções para a Humanidade. Soluções coletivas e individuais. Basta procurar com paciência. Outra grande verdade é dita pelos próprios autores quando, nesses encontros, alguém pergunta "como desenvolveu o dom da escrita?". A maioria absoluta responde que só sabe escrever quem lê. Principalmente em se tratando do português, um idioma complexo, cheio de regras, nuances, que exigem de quem escreve uma intimidade quase absoluta com palavras, letras, pontos e vírgulas.

As feiras de livros, que em geral começam a se espalhar no outono e vão até a primavera, são dignas de muitos aplausos. Aproximar as pessoas dos livros, que até recentemente pareciam viver numa redoma de dogmas, está quebrando essa estranha cerimônia que a população sentia. Hoje, quando vemos uma livraria cheia, com pessoas de todos os níveis comprando, ou apenas folheando obras, significa que estamos muito perto de uma intimidade literária plena, fundamental, necessária e, sobretudo, democrática.

Até recentemente os livros viviam muito distantes das pessoas. As livrarias pareciam templos fechados onde as pessoas temiam entrar porque, em muitos casos, achavam que poderiam ser desprezadas se fizessem "perguntas óbvias". Até que começaram a surgir feiras e mais feiras. Autores, que antes eram vistos como verdadeiros E.T.s inacessíveis, passaram a ter contato direto com o público. A indústria literária passou a tratar o livro como um gênero de necessidade comum, sem firulas, sem tabus, e, logicamente, as vendagens começaram a subir. Em muitos casos batendo recordes.

Claro que toda essa movimentação em nome da popularização do livro não trará resultados imediatos, mas os números mostram que eles já aparecem. Se o leitor aqui do blog observar com calma em qualquer boa livraria da cidade vai perceber muitas embalagens para presente nos balcões. Sim, o livro hoje já é dado como presente com naturalidade. A mesma naturalidade de quem presenteia com CDs ou DVDs. E, de feira em feira, de contato em contato com os autores, que viviam encastelados (não por culpa deles, é óbvio) em algum lugar da mitologia contemporânea, fica cada vez mais claro que muito em breve vamos ver pelas ruas, pelos ônibus, pelos bancos de praças muita gente com livros nas mãos.

Incentivar, estimular, divulgar, apoiar esses eventos, de forma direta ou indireta, é investir num Brasil mais bem informado, mais culto, mais questionador. Afinal, o livro é a base de todas as culturas. Rarissimamente assistimos a um filme ou uma peça que não seja baseada num romance ou até mesmo num conto. Afinal, as Letras sempre foram e serão as grandes fontes de inspiração de todos nós.


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