Ácido? Sim. Rancoroso? Jamais.

O leitor Nuno Costa postou no meu Facebook, sob a chamada para o texto de John Lennon semana passada: “LAM, rancoroso, ácido e sensato.” Caro Nuno, obrigado pelas observações/definições mas, numa boa, não sou rancoroso não. Aliás, desde o início do ano estou promovendo no Facebook uma espécie de movimento para descabelar os rancorosos do planeta.

Mas, basta ligar a TV para ver que não vai ser fácil. O rancoroso, uma espécie de boi que muge para dentro, é capaz de ver luz de mercúrio no lugar da lua, nuvem de tanajuras em vez de andorinhas, enfim, o cara é um perdedor ativo. O que seria perdedor ativo? É aquele que não gosta de perder sozinho e tenta arrastar multidões com ele.

Para ser franco, Nuno, quando escrevo batendo procuro ser contundente, mas, se necessário, sou ácido sim porque afinal de contas o que escrevo aqui no blog é mensagem jornalística, para ser lida por muitos. Nada a ver com “querido Diário”. E, francamente falando Nuno, se eu tivesse um Diário ele estaria totalmente escalavrado de tantos garranchos existenciais.

Em meados dos anos 1980, eu, meu irmão Fernando Cesar, mais Hubert, Cláudio Paiva e Reinaldo tínhamos uma banda de rock que ensaiava numa casa que minha família tinha em Itaipu. Os ensaios rolavam todas as terças-feiras a noite e, modéstia à parte, tocávamos bem pra cacete. Mas, por questões geográficas, acabamos nos separando, e Hubert, Claudio e Reinaldo (que faziam o genial jornal “Planeta Diário”) se juntaram a Marcelo Madureira, Bussunda e companhia da revista “Casseta Popular” numa banda.

Da banda para a televisão (“Casseta & Planeta”) um pequeno salto. Mesmo porque não havia alternativas já que a editora americana do “Planeta Diário” do Superman veio em cima do nosso e crau!

Desde 1988 lia Hubert e Marcelo Madureira na pele do Agamenon, no Globo. Construí o personagem a meu modo, assim como todos os leitores construíram o seu. Mora aí o perigo do Cinema, que vai deu vida, firma, cor, voz, texto, contexto, a um personagem que mora no inconsciente coletivo como escreveu Jung, ou coletivo inconsciente, como diz a Braso Lisboa. É preciso ter coragem, o que não falta a esses caras. Mas, na boa, não gostei de escalarem Marcelo Adnet no papel de Agamenon jovem. O cara não tem graça nenhuma, faz um humor babaca e velho, mas como ainda não vi não vou dar uma de rancoroso, justamente num texto em que defendo o não rancor e o não consumo. Ah, é verdade! Não falei do não consumo. Fica para a próxima.


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