“Circo Voador, a Nave”, livraço de Maria Juçá: a mais pura ressonância da Geração 1980

Quando terminei de ler as quase 700 páginas do livro “Circo Voador, a Nave”, da querida amiga e grande guerrilheira Maria Juçá, fechei os olhos. Fechei os olhos e revisitei algumas cenas da chamada Geração 1980, que tanto a Juçá quando o Perfeito Fortuna, Marcio Calvão, eu, os amigos da Rádio Fluminense e todos os revolucionários brasileiros participaram e curtiram. “Circo Voador, a Nave” é a história do Circo, sim, mas sobretudo é um descabelante e preciso registro de vários nichos da explosiva revolução cultural do Rio (e do Brasil) proporcionada pela abertura política.

É lógico que o livro da Juçá é mais do que comovente. Nele, todos nós nos sentimos personagens de uma década crucial para a história do país e em vários momentos percebi “encontros” com o meu “A Onda Maldita – como nasceu a Fluminense FM”. Mais: impressionante a memória da Juçá e suas preciosas anotações feitas em tempo real desde os tempos em que o Circo era praticamente uma tenda psicodélica pousada na areia do Arpoador.

Como a história do Circo Voador é bonita, consistente, inteligente. Como a Geração 1980 foi importante, explosiva, acrilírica, irreverente e corajosa. Como a Maria Juçá é grande, gigantesca, corajosa a frente de um Circo que escreve páginas avulsas e audaciosas da cultura brasileira e também Jamari França, Carla Siqueira, toda a tripulação da Nave, em todas as suas fases.

É óbvio que lendo o livro a saudade me jogou contra a parede. Como não me comover lendo a história de meus amigos, parceiros, companheiros de trincheira na década que os economistas chamaram de perdida? Perdida? Como assim, doutor Delfim Neto? A década de 1980 nunca mais será esquecida porque nela nasceram a nova atitude da Geração da abertura política que tiveram como palanques o Circo Voador, a Rádio Fluminense FM Maldita e todas as pessoas que, direta ou indiretamente, trabalharam com a maravilhosa cultura marginal que impregnou as gerações.

Fundamental ler “Circo Voador, a Nave”. Crucial visitar esse planeta chamado Geração 80 que pertence a todos nós, eternos e destemidos guerrilheiros culturais.


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