O erro do “tempo bom” e “tempo ruim”




Li num site uma chamada, completamente equivocada, anunciando que “o fim de semana no Rio vai ser de tempo ruim”. Erro! Crasso! Esse papo de que sol no lombo é tempo bom e chuva tempo ruim é da era em que ainda não se falava em aquecimento global. 

Mais: (des) graças ao violento desmatamento na Amazônia (informação do Inpe), provocada pela falta de governo ou pelo descaramento do mesmo, o tempo na região sudeste está infinitamente mais seco. E quente. Logo, a meu ver, a chuva é que virou tempo bom.

Dizem que divulgar o que está acontecendo é uma maneira de contribuir para a solução do problema. De fato, o que sempre acontecia na primavera (dias quentes, chuva no final) virou calor, calor, calor. E muitas regiões secas nos estados do Rio, São Paulo, Minas.

Lá embaixo postei uma matéria que saiu no Globo de hoje e que pode servir de inspiração para quem está a fim de contribuir nesse esforço de salvar a nossa própria pele. Nos anos 1970, o embientalista gaúcho (já falecido) Jose Lutzemberg, em entrevista a mim, afirmava que se a Amazonia fosse desmatada em excesso quem iria pagar a conta seria o sudeste. Bingo! O professor, tido como radical xiita pelos indigestos setores moderados da sociedade (não gosto de moderação quando o que está em jogo é a nossa vida), estava certo.

Ele, Augusto Ruschi (também já falecido) e vários outros nomes que há mais de 40 anos alertavam o país para uma palavra: ecologia. Hoje, tratada como “ambientalismo”. Não adiantou. Os desgovernos (prefeituras, Estados Brasília) continuaram dando sinal verde para as monoserras ($$$$$) e para a especulação imobiliária ($$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$), essa última que já enriqueceu muito colarinho branco por aí.

O que fazer? Que tal começar chamando tempo bom de céu claro e tempo ruim de dia chuvoso? Que tal no aliarmos as foirças da natureza e partir radicalmente pro pau em defesa de floiresas, baías, rios, lagos? Que tal voltarmos aos anos 1970 quando os radicais deitavam na Rio-Santos para evitar que o governo fizesse Angra III, IV e V? Vamos nessa?

Leia:

2014 pode ser o ano mais quente da história

ONU alerta que ano baterá recorde de calor, se tendência se mantiver

por O Globo

03/12/2014 20:08 / Atualizado 03/12/2014 20:32

LIMA - O ano de 2014 pode se tornar o mais quente da história. Pelo menos desde 1850, quando começaram as medições. A estimativa é da Organização Meteorológica Mundial (OMM), agência da ONU, que divulgou, nesta quarta-feira, um relatório durante a Conferência sobre Mudanças Climáticas (COP 20), evento que começou segunda-feira e segue até o dia 12, em Lima, no Peru. Com isso, a organização quer, mais uma vez, reforçar o alerta para a tendência de aquecimento global, que vem causando chuvas torrenciais, secas e outros desastres ambientais no Brasil e ao redor do mundo, em consequência do aumento de emissões de gases do efeito estufa.

Para esse panorama se confirmar, novembro e dezembro devem manter a tendência atual de calor que vínhamos sentindo nos últimos dez meses, período usado nas estatísticas. Dessa forma, este ano ficará à frente dos últimos recordes, registrados em 2010, 2005 e 1998, respectivamente. Não se trata, no entanto, apenas de mais um ano quente. Na verdade, os dados mostram que a tendência de aquecimento global já faz aumentar nas últimas décadas.

— A informação provisória para 2014 mostra que 14 dos 15 anos mais quentes já registrados ocorreram no século XXI — afirmou o secretário-geral da OMM, Michel Jarraud, que ainda ressaltou. — Não está havendo um controle do aquecimento global. O que estamos vendo este ano é consistente com que o esperamos de um clima em constante mudança. Recordes de calor combinados com chuvas e inundações destruíram muitas vidas.

O relatório cita como extremos climáticos no Brasil a onda de calor no Sul em outubro, as chuvas torrenciais no Sudeste em maio e junho, assim como as secas nas áreas centrais do país. No texto, o Estado de São Paulo é citado como exemplo de falta d’água.

Para chegar ao resultado, a OMM usa como referência a média de temperatura da Terra e dos oceanos no século XX (num cálculo feito com base entre os anos de 1961 e 1990), que é de 14 °C. Nos primeiros dez meses de 2014, a média ficou em 14,57 °C, valor 0,57 °C acima da estabelecida no longo prazo. A diferença seria bem pequena em relação ao recorde anterior, de 14,56 °C, em 2010. A análise é feita a partir de resultados obtidos pela Agência Americana Oceânica e Atmosférica (NOAA), o Met Office, da Universidade de East Anglia, no Reino Unido, e a agência espacial americana (Nasa).

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