Trilha sonora da era Collor, sertanejo rouba até a estética do rock

 
                                                                                


Trilha sonora da era Collor, o sertanejo brasileiro é a vertente musical que mais ganha dinheiro na América Latina. Envolve alguns bilhões (isso mesmo, bilhões) de dólares por ano.

Eles podem comprar tudo, até a tradição. Jorge e Mateus cantaram no tradicional teatro Royal Albert Hall de Londres onde gravaram CD e DVD em setembro de 2012. Com capacidade para mais de 8 mil pessoas, o RAH foi inaugurado em 29 de março de 1871 pela rainha Vitória, em memória do seu falecido consorte Albert de Saxe-Coburgo-Gota.

Palco da nata da dramaturgia europeia, de grandes concertos eruditos e do que há de melhor em rock e blues, o Albert Hall foi tomado por uma horda de fãs de Jorge e Mateus que descarregaram seu repertório para uma plateia ensandecida.

Semana passada, do outro lado do Atlântico, Chitãozinho e Xororó invadiram o lendário Café Wha? Em Nova Iorque onde muita gente boa toca e tocou blues, rock, jazz. Foi lá que Chas Chandler ouviu Jimi Hendrix pela primeira vez, em 1966, e o levou para Londres. Hendrix estourou graças ao Cafe Wha? alugado pelo sertanejo que graças a Collor fincou as patas no Brasil. Como Collor, hoje senador, o sertanejo só deixará o poder quando quiser.

Não conheço nenhum roqueiro que tenha tido overdose de rivotril com campari, mas os sertanejos universitários, bando de milionários que comete um som que está muito distante da autêntica música regional e também do pop urbano, apelam na maior cara de pau.
É só um toque. Já repararam que esses neo-sertanejos roubaram, à luz do dia, toda a estética cênica do rock? Os palcos são iguais, as guitarras, contrabaixos, violões são Gibson, Fender, Krammer, Ibanez, Takamini, as baterias DW, Premier, Ludwig, Pearl, os teclados Yamaha, Fender e nos P.A.s (caixas gigantes que jogam o som do palco para a platéia) toneladas de coliformes fecais em estado bruto. E eles usam camisetas de bandas de rock, a luz é semelhante a de grandes bandas, enfim, levaram tudo.

Ano passado assisti numa TV paga o pedaço de um show desses doidões de rivotril com campari e estavam lá os canhões de luz e movies a La Roger Waters, a parede de amplificadores Marshall a La AC/DC, as guitarras, preciosas, a La Hendrix e Pete Townshend. Tudo por um nada autoral, invisibilidade cultural. Até os aviões desses sertanejos são iguais aos das bandas internacionais de rock.

Já que é assim, que sigam assim, pagando mico musical em nome da imbecilidade ampla, geral e irrestrita. De fato, o Brasil vive tempos muito difíceis.

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