Niterói: a sensação de abandono numa cidade rendida pela violência
No velório do vereador Carlos Magaldi, um misto de revolta
com tristeza era geral. O presidente da Câmara dos Vereadores, Paulo Bagueira,
que era muito amigo de Magaldi, disse que “é preciso dar uma basta no que está
acontecendo. Sinto a PM enxugando gelo nas ações que realiza. É necessário
mais. Uma ação articulada entre todos os setores da segurança pública para
frear está onda que atemoriza o cidadão de bem e que torna as famílias reféns
desses bandidos”
Magaldi tinha 67 anos e foi vereador por oito
legislaturas. Ele foi assassinado no início da tarde de ontem (sexta-feira)
numa tentativa de assalto no bairro de Camboinhas, na Região Oceânica de
Niterói.
O Fluminense, o maior jornal de Niterói, tem feito uma excelente
cobertura sobre o caos na segurança pública que atinge a nossa cidade. No site
do jornal, www.ofluminense.com.br,
aparecem as reportagens mais lidas nas últimas horas. Pela ordem:
- Ex-vereador
Magaldi é assassinado em Camboinhas.
- Criminalidade
desafia a polícia e volta a aterrorizar. Em Icaraí, homem é baleado durante
arrastão. No Fonseca, trabalhadores ‘levam dura’ de assaltantes e têm seus
pertences levados. No Cubango, bandidos ostentam armas.
- Rajada
de tiros assusta moradores em Santa Rosa. Após uma incursão da PM na comunidade
Souza Soares em Santa Rosa no final da tarde desta sexta-feira, criminosos
efetuaram disparos, mas ninguém ficou ferido ou foi preso.
- Arrastão
e um baleado na Zona Sul de Niterói. Criminosos praticaram assaltos em São
Francisco e Icaraí, deixando um homem baleado na Rua Ministro Otávio Kelly. A
dupla ainda conseguiu fugir para Santa Rosa.
- Roubo
de celulares aumenta em Niterói, segundo o ISP. Índices são referentes ao mês
de fevereiro em comparação com o mesmo período do ano passado.
A sensação da população é de abandono. O avanço da
bandidagem em Niterói é assunto em rodas de conversas em todos os bairros entre pessoas de todas
as idades. Depois das 10 da noite, o “estado de sítio” informal imposto pelos
bandidos deixa as ruas desertas, tristes, um retrato do estado emocional da
população.
Fui informado que o número de militares no 12.o Batalhão
da PM não chega a 700. Para piorar, Niterói divide esse efetivo com a cidade de
Maricá. Há 40 anos atrás, eram mais de 1.500 militares só para atender Niterói.
Essa é uma das respostas a lúcida afirmação do presidente
da Câmara quando afirmou que “sinto a PM enxugando gelo nas ações que realiza”.
Mais: o número de bandidos cresce assustadoramente em decorrência das UPPs na
capital. Niterói virou abrigo para os bandidos que fogem do Rio e
muitos invadiram favelas como a do Preventório, que antes era pacífica.
A população de rua só cresce e leitores desta Coluna
informam que são molestados por pessoas que vieram de fora e habitam a calçada
da esquina de ruas Alvares de Azevedo e Moreira César e muitas outras.
Pagamos impostos altíssimos, sustentamos um estado inchado,
gastador, voltado exclusivamente para a capital, Rio de Janeiro. Está mais do
que na hora de cobrar das autoridades do Poder Executivo, do Estado e da Prefeitura,
que sejam tomadas medidas urgentes e, sobretudo, concretas contra esse flagelo.
Não dá mais para esperar.
Não merecemos essa macabra lambança que aí está. Nem
nossos filhos, nem a nossa cidade.
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