O direito de viajar no planeta da ficção
Mergulhei
fundo no mundo da ficção quando escrevi meu primeiro romance, “5
e 15”, que foi lançado em 2007. Como
o livro esgotou, resolvi disponibilizar para a leitura aqui:
http://5e15lam.blogspot.com.br/
Não
foram poucas as pessoas que leram e depois mandaram e-mails com
perguntas do gênero “como nasceu a ideia
que você colocou no capítulo tal?”.
Sempre respondi “não sei” porque de fato não tenho noção
de onde vem as ideias.
Todo
ser humano tem suas ficções. Isso é fato comprovado até por
revistas de fofocas. Existem as ficções do bem, que se transformam
em livros, filmes, peças de teatro, poesias, letras de música ou
simplesmente em nada e
as do mal, muito chegadas a paranoias, medos inexplicáveis, fofocas
e dezenas de outras conseqüências. Fato é que há muitos anos li
num livro que botar pra fora as boas ficções faz bem a saúde.
Eventualmente
me aventuro a escrever devaneios totalmente ficcionais mas, ainda
assim, alguns leitores perguntam se o que escrevi aconteceu ou não.
Ou então, se aquela história
foi inspirada em alguma experiência pessoal que vivi, enfim, parece
que alguns leitores precisam ver um pouco de realidade nas ficções.
Tenho
colegas jornalistas que se dão muito bem com a ficção, mas eles
sempre dizem que o pavio é aceso por algum elemento factual, alguma
coisa que aconteceu ou que eles achavam que iria acontecer. Outros
não conseguem. No máximo produzem uns ensaios, sempre baseados em
fatos, dados, comprovações.
Um
de meus primeiros textos de ficção brotou da história que foi
contada numa
rodinha
por um lendário cascateiro de Niterói. Ele disse que certa vez
estava numa boia de pneu de caminhão na Praia de Icaraí, pegou no
sono e acordou em Copacabana. Sem ter o que fazer, dormiu de novo e
acordou em Icaraí. E ai daquele que o questionasse porque além de
truculento ele brigava bem pra cacete. Tanto que, anos mais tarde
quando publiquei a história num jornal local (totalmente maquiada,
disfarçada, cheia de artifícios, mas não adiantou porque ele
reconheceu) o cara andou me procurando. Diziam que queria me dar uma
surra.
Até
que o acaso me fez encontrá-lo na fila do cinema e ele me tratou
amavelmente, ofereceu pipoca e o falecido (eu acho) Chucola, drops de
Coca Cola. Entendi. No fundo, ele adorou ver sua história publicada,
apesar de todas as deformações que cometi para ocultá-lo. Vai
entender. Aliás, entender pra que? Por que temos essa cisma de
querer entender muitas coisas que nos são totalmente inexplicáveis,
entre elas a ficção?
Escrevi
esse texto para informar que o conto aí de baixo “The Dark Side of
the Moon” é mera invenção. Ponto.
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