A falta que Johnny Winter faz



Em julho do ano passado, o albino Johnny Winter morreu aos 70 anos. Foi, é e será um dos mais importantes músicos de blues e blues-rock, acid blues (ou blues progressivo) como muitos se referem ao seu selvagem estilo. O albino de alma negra, que conheci no início dos anos 1970, já não estava bem de saúde. Chegou a cancelar uma vinda ao Brasil em 2014. Aliás, ele gostava de tocar aqui.
Nascido em Leland, Mississipi (EUA), Winter foi lançado pela gravadora CBS para concorrer com Jimi Hendrix. Babaquice, ele sabia, mas fingiu que topou para assinar o contrato. Virou amigaço de Hendrix e chegaram a fazer várias jams juntos. Além disso, qualquer boçal, mesmo aqueles que acreditam em estoque de vento, nota de cara profundas, agudas diferenças entre a sua pegada e a de Hendrix.
Em seu primeiro álbum, “Second Winter”, lançado em julho de 1969 Winter surpreendeu o mercado. A voz grave, quase rouca, alimentada por guitarras saturadas em altíssimo volume (ele nunca pegou leve) rapidamente impôs suas impressões digitais nessa tórrida fronteira que separa (separa?) o blues do rock. Como Gary Moore, Steve Mariott, Rory Gallagher, Eric Clapton, Mick Taylor e outros, formou um paredão de amplificadores Marshall vomitando uma nada delicada, porém genial, hecatombe do blues.
Irmão de Edgard Winter (cantor, multinstrumentista e também albino) Johnny Winter é um dos nomes mais respeitados em dois universos, o do blues e do rock. Sua antológica versão de “Jump Jack Flash” dos Stones, por exemplo, não deixa corda sobre corda.
Uma perda lamentável que faz muita falta nesse planetinha que anda cada vez mais imbecilizado. Mais um abismo que se abre entre tantas encruzilhadas. Estamos sem Hendrix, sem Gallagher, sem Mariott, sem Moore e há um ano sem o grande, o gigantesco Johnny Winter, que merece todas as nossas homenagens.
Todas.




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