Peter Grant, o homem que viabilizou o Led Zeppelin na base da porrada


                                                                                 
Assisti o primeiro capítulo da série "Vinyl" na HBO, com direção de Martin Scorsese e produção de Mick Jagger. Boa pegada, corrupção na indústria do disco, jabá, cocaína, covardia, tudo quase bem. Quase porque Scorsese pisou na jaca ao exibir sósias de Robert Plant e Peter Grant (fotos) o mamute que era empresário do Led Zeppelin. Plant aparece encarnado num ator ultra barangóide, falando um monte de asneiras, afetado até a nona geração. E Peter Grant é mostrado como um magrelo estressado, e não o gorila que fez o mercado gemer de medo. Por isso, apresento o verdadeiro Grant.

Peter Grant tinha dois metros de altura, quase 180 quilos e jogava duro, pesado. Foi ele quem viabilizou o Led Zeppelin, uma das maiores bandas da história do rock. Não fosse sua sagacidade, ambição e truculência, a banda criada por Jimmy Page com certeza não teria voado tão alto e se tornasse bilhardária. Aqui, um texto de Guilherme Camardella do site Whiplash com base no livro “Led Zeppelin, quando os gigantes caminhavam sobre a Terra”, de Mick Wall.


Peter Grant nasceu em 5 de abril de 1935, no sul de Londres um subúrbio chamado South Norwood. Foi filho de mãe solteira. Como em toda família de classe operária, Grant se viu obrigado a trabalhar em indústrias e servir ao exercito até se deparar com o sonho da indústria do entretenimento. 

Jovem e alto primeiro tentou ser ator e vinha obtendo relativos “êxitos”. Sempre com pontas ou papéis pequenos, é possível vê-lo por exemplo em “Canhões de Navarone” ou “Cleópatra”. Na TV a mesma coisa, porém com mais destaque em “O Santo”, aonde atuou como um barman e trocou falas com Roger Moore.

No início da década de 60 ele começou a trabalhar com Don Arden (pai de Sharon Osbourne), um empresário que utilizava de meios não muito convencionais (leia-se porrada) para obter os seus resultados. Grant era o empresário das turnês britânicas de artistas como Little Richard, Chuck Berry, The Animals, etc. Ali, Grant aprendeu todos os macetes e se tornou empresário do rock.

Em 1966, já gerindo os seus próprios negócios – junto ao seu sócio Mickie Most – Grant foi convidado para cuidar da carreira dos Yardbirds, banda de médio sucesso no Reino Unido e maior prestígio nos Estados Unidos cujo destaque ficava por conta dos guitarristas Jimmy Page e Jeff Beck. Grant já pegou a banda em decadência e nada pode fazer. Em 68 já estava decretado o fim dos Yardbirds após uma turnê americana.

Em uma conversa com o então jovem Jimmy Page, Grant ouviu sobre os passos que o músico pensava em dar após o término de sua banda. Numa nova banda chamada New Yardbirds. Peter teve faro e notou que o talento daquele jovem guitarrista era diferente e que de fato valeria a aposta. Acreditou tanto, que se reuniu com o sócio Mickie e ofereceu a sua parte do The Jeff Beck Gruop que naquele mesmo ano já conquistava sucesso internacional com o álbum “Truth”. Mickie topou.

Após recrutarem os outros membros para o chamado “quarteto de ouro da história do rock”, o New Yardbirds se viu obrigado a mudar de nome por problemas judiciais com um ex-membro da antiga banda. Assim nasceu o Led Zeppelin. Grant estabeleceu uma relação muito forte com Jimmy Page e somado a isso, deu total liberdade criativa para o grupo; sem pressões, levando a risca o lema “meu artista em primeiro lugar”, ou como John Paul Jones (baixista e tecladista) disse a Mick Wall em “Quando os Gigantes caminhavam sobre a Terra”: 

“Peter confiava em nós para fazer a música e então mantinha todo mundo a distância, garantindo-nos espaço para fazer o que quiséssemos sem a interferência de ninguém – imprensa, gravadora, promotores. 
“Ele só tinha a nós como clientes e reconhecia que, se fôssemos bem, ele também iria. Sempre acreditou que seríamos muito famosos, e as pessoas tinham medo de não aceitar seus termos e perder algo. Mas todo esse negócio de renegociar contratos na base da intimidação é bobagem. Ele não pendurava as pessoas na janela e todas essas besteiras.” 

Com o dinheiro do bolso de Jimmy Page (estava financeiramente bem após passar anos trabalhando como músico de estúdio) ainda em 1968, nasceu o álbum Led Zeppelin I. Não se sabe até que ponto era lenda ou verdade sobre a fama de Peter Grant ser um pressionador/intimidador, mas ele obteve coisas nunca antes conseguidas a um artista com gravadoras e promotores de shows. 

Com uma obra prima pronta embaixo dos braços, Peter Grant voou para os Estados Unidos a fim de conseguir uma gravadora e não só assinou com a Atlantic Records por cinco anos, como voltou para o Reino Unido com o maior adiantamento da história para um artista não contratado: 143.000 dólares, sem que a Atlantic sequer tenha visto-os tocar.

Em 1968 isso era uma quantia muito mais considerável do se imagina. A Atlantic fabricava, distribuia, promovia os discos e só. Não se metia no trabalho do Zeppelin. A produção artística dos álbuns era de Jimmy Page e a Produção Executiva de Peter Grant.

O empresário sacou que no mercado americano Page era relativamente famoso por causa do Yardbirds. O foco nos Estados Unidos teve papel fundamental e ajudou o Zeppelin a vender milhões de discos e a bater recordes de bilheteria em turnês.
Peter Grant via os membros do Led Zeppelin como amigos (de fato eram) e Jimmy Page como um filho. Nessa época era de praxe que os promotores pagassem aos artistas 10, 20 por cento da bilheteria. Com os seus “métodos” Peter conseguiu que ficassem com 90 por cento do lucro de todas as turnês, o que futuramente faria com que todos os recordes – antes pertencentes aos Beatles e Stones – de faturamento e popularidade fossem quebrados. 

Em 1974 Peter lançou junto ao Zeppelin a própria gravadora da banda, o Swan Song, com distribuição da Atlantic. Seguindo a tendência iniciada pelo Apple dos Beatles, Grant fez mais dinheiro e autonomia artística, sendo também responsável por outros nomes como o Bad Company, de Paul Rodgers.

A segunda metade da década de 70 trouxe o declínio do Led Zeppelin e o de Peter Grant consequentemente. Diversos contratempos fora dos palcos, muito atribuídos ao abuso de drogas, outros pelo “suposto” envolvimento de Jimmy Page com o ocultismo, acidentes e a morte inexplicável do filho de Robert Plant de cinco anos fizeram o Led descer em queda livre. Grant não tinha mais forças para “segurar” a barra. 

Após ter se separado da mulher ele mergulhou de cabeça na cocaína e na bebida. Ficava horas trancado em seu escritório cheirando pó. Isso o tornou mais psicótico e a síndrome do pânico passou a assombrar  a sua vida. Essa vida para um sujeito rude não poderia ser pior. Em 77, em um show em Oakland (EUA) um segurança local foi acusado de esbofetear o rosto do filho de Grant. 

O segurança foi levado para um banheiro onde foi selvagemente espancado por ele, Richard Cole e o baterista John Bonham, fazendo com que uma equipe da SWAT entrasse no hotel em que eles estavam hospedados e os prendessem. 

Em 79 o episódio para a negociação dos dois shows em Peter Grant tinha quase dos metros de altura, quase 180 quilos e jogava duro, pesado. Foi ele quem viabilizou o Led Zeppelin, uma das kaiores bandas da história do rock. Não fosse sua sagacidade, ambição e truculência, a banda criada por jimmy Page com certeza não teria decolado. Aqui, um texto de Guilherme Camardella do site Wiplash que, por sua vez, recorreu ao livro “ Led Zeppelin, quando os gigantes caminhavam sobre a Terra”, de Mick Wall.

Peter Grant nasceu em 5 de abril de 1935, no sul de Londres um subúrbio chamado South Norwood. Foi filho de mãe solteira. Como em toda família de classe operária, Grant se viu obrigado a trabalhar em indústrias e servir ao exercito até se deparar com o sonho da indústria do entretenimento. 

Jovem e alto primeiro tentou ser ator e vinha obtendo relativos “êxitos”. Sempre com pontas ou papéis pequenos, é possível vê-lo por exemplo em “Canhões de Navarone” ou “Cleópatra”. Na TV a mesma coisa, porém com mais destaque em “O Santo”, aonde atuou como um barman e trociu falas com Roger Moore.

No início da década de 60 ele começou a trabalhar com Don Arden (pai de Sharon Osbourne), um empresário que utilizava de meios não muito convencionais (leia-se porrada) para obter os seus resultados. Grant era o empresário das turnês britânicas de artistas como Little Richard, Chuck Berry, The Animals, etc. Ali, Grant aprendeu todos os macetes e se tornou empresário do rock.

Em 1966, já gerindo os seus próprios negócios – junto ao seu sócio Mickie Most – Grant foi convidado para cuidar da carreira dos Yardbirds, ban de médio sucesso no Reino Unido e maior prestígio nos Estados Unidos cujo destaque ficava por conta dos guitarristas Jimmy Page e Jeff Beck. Grant já pegou a banda em decadência e nada pode fazer. Em 68 já estava decretado o fim dos Yardbirds após uma turnê americana.

Em uma conversa com o então jovem Jimmy Page, Grant ouviu sobre os passos que o músico pensava em dar após o término de sua banda. Numa nova banda chamada New Yardbirds. Peter teve faro e notou que o talento daquele jovem guitarrista era diferente e que de fato valeria a aposta. Acreditou tanto, que se reuniu com o sócio Mickie e ofereceu a sua parte do The Jeff Beck Gruop que naquele mesmo ano já conquistava sucesso internacional com o álbum “Truth”. Claro que Mickie topou.

Após recrutarem os outros membros para o chamado “quarteto de ouro da história do rock”, o New Yardbirds se viu obrigado a mudar de nome por problemas judiciais com um ex-membro da antiga banda. Assim nasceu o Led Zeppelin. Grant estabeleceu uma relação muito forte com Jimmy Page e somado a isso, deu total liberdade criativa para o grupo; sem pressões, levando a risca o lema “meu artista em primeiro lugar”, ou como John Paul Jones (baixista e tecladista) disse a Mick Wall em “Quando os Gigantes caminhavam sobre a Terra”: 

“Peter confiava em nós para fazer a música e então mantinha todo mundo a distância, garantindo-nos espaço para fazer o que quiséssemos sem a interferência de ninguém – imprensa, gravadora, promotores. 
“Ele só tinha a nós como clientes e reconhecia que, se fôssemos bem, ele também iria. Sempre acreditou que seríamos muito famosos, e as pessoas tinham medo de não aceitar seus termos e perder algo. Mas todo esse negócio de renegociar contratos na base da intimidação é bobagem. Ele não pendurava as pessoas na janela e todas essas besteiras.” 

Com o dinheiro do bolso de Jimmy Page (estava financeiramente bem após passar anos trabalhando como músico de estúdio) ainda em 1968, nasceu o álbum Led Zeppelin I. Não se sabe até que ponto era lenda ou verdade sobre a fama de Peter Grant ser um pressionador/intimidador, mas ele obteve coisas nunca antes conseguidas a um artista com gravadoras e promotores de shows. 
Com uma obra-prima pronta embaixo dos braços, Peter Grant voou para os Estados Unidos a fim de conseguir uma gravadora e não só assinou com a Atlantic Records por cinco anos, como voltou para o Reino Unido com o maior adiantamento da história para um artista não contratado: 143.000 dólares, sem que a Atlantic sequer tenha visto-os tocar.

Em 1968 isso era uma quantia muito mais considerável do se imagina. A Atlantic fabricava, distribuia, promovia os discos e só. Não se metia no trabalho do Zeppelin. A produção artística dos álbuns era de Jimmy Page e a Produção Executiva de Peter Grant.

O empresário sacou que no mercado americano Page era relativamente famoso por causa do Yardbirds. O foco nos Estados Unidos teve papel fundamental e ajudou o Zeppelin a vender milhões de discos e a bater recordes de bulheteria em turnês.

Peter Grant via os membros do Led Zeppelin como amigos (de fato eram) e Jimmy Page como um filho. Nessa época era de praxe que os promotores pagassem aos artistas 10, 20 por cento da bilheteria. Com os seus “métodos” Peter conseguiu que ficassem com 90 por cento do lucro de todas as turnês, o que futuramente faria com que todos os recordes – antes pertencentes aos Beatles e Stones – de faturamento e popularidade fossem quebrados. 
Em 1974 Peter Grant lançou junto ao Zeppelin a própria gravadora da banda, o Swan Song, com distribuição da Atlantic. Seguindo a tendência iniciada pelo Apple dos Beatles, Grant dá mais dinheiro e autonomia artística, sendo também responsável por artistas lucrativos como o Bad Company, de Paul Rodgers.

A segunda metade da década de 70 trouxe o declínio do Led Zeppelin e o de Peter Grant consequentemente. Diversos contratempos fora dos palcos, muito atribuídos ao abuso de drogas, outros pelo “suposto” envolvimento de Jimmy Page com o ocultismo, acidentes e a morte inexplicável do filho de Robert Plant, fizeram o Led descer em queda livre. Grant não tinha mais forças para “segurar” a barra. 

Após ter se separado de sua esposa, Peter Grant entrou de cabeça na cocaína e ficava horas trancado em seu escritório cheirando pó. Isso o tornou mais psicótico e a síndrome do pânico passou a assombrar sua vida. Essa chapação para um sujeito rude não poderia ser pior. Em 77, em um show em Oakland um segurança local foi acusado de esbofetear o rosto do filho de Grant. O segurança foi levado para um banheiro onde foi selvagemente espancado por ele, Richard Cole e o baterista John Bonham, fazendo com que uma equipe da SWAT entrasse no hotel em que eles estavam hospedados e os prendessem. 

Em 79 o episódio para a negociação dos dois shows em Knebworth também foi envolvido de muita ameaça e paranóias. Com um acordo para dois dias para 250 mil pessoas, ao ver que o número não havia nem chegado próximo, Grant exigiu o pagamento total dos valores ameaçando os promotores do show e dando o maior prejuizo. Peter Grant nunca foi santo, porém sempre esteve disposto a tudo pelo Led Zeppelin. 

A morte de John Bonham em setembro de 1980 foi uma pá de cal não só para o grupo mas também para Peter Grant. Cada vez mais viciado em cocaína, imensamente gordo e abandonado pela esposa, Peter se fechou em seu império e raramente apareceu publicamente.
Morreu de ataque cardíaco em 1995.

Peter Grant foi um personagem marcante em uma história muito rica, a do Led Zeppelin. Um homem raro de se encontrar no showbizz.

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