Cauby! Cauby! Cauby! O homem que ignorava o amanhã
Estou
muito chateado com a morte de Cauby Peixoto aos 85 em São Paulo. Foi
o maior cantor do Brasil nos anos 1950 e 60. Sabia disso, mas não
tirava onda, não se achava. Cauby era um cara na dele, não estava
nem aí para as questões mais mundanas.
Gravou
o primeiro rock em português em 1957, “Rock and Roll em
Coipacvabana”, de Miguel Gustavo (que compôs também a marchinha
“Pra Frente Brasil”, que morreu novo, 50 anos, e ninguém até
hoje me disse a causa. Se alguém souber, me fale.
Exigiu que Cauby se vestisse bem (de família humilde não era acostumado), mas perante os cantores da época era uma obrigação ser bonitão. As mudanças no visual de Cauby seriam constantes.
Em 1955 lançou seu primeiro sucesso no Brasil, o “Blue Gardênia”, em uma versão que trouxe dos Estados Unidos em português. Na época, era um sucesso na voz de Nat King Cole, ídolo de Cauby. Di Veras trabalhou com Cauby até 1958, quando Cauby atingiu o 5º lugar na parada de álbuns mais tocado nos EUA.
Cauby
foi convidado para uma excursão aos EUA por Cardinal
Spellman em
1955. Durante a viagem no navio, Cauby cantou musicas religiosas. Já
nos EUA, com nome
artístico de
Ron
Coby,
gravou alguns LP's
com a orquestra de Paul
Weston,
cantando em inglês. Entre 1955 e 1958, ficou indo e voltando dos
Estados Unidos.
Em
1956, ele apareceu no filme Com
Água na Boca cantando
seu grande sucesso, Conceição. Na época, foi citado nas
revistas Time
and Life como
o Elvis
Presley brasileiro.
Não
exagero quando digo que mais do que Elvis, se permanecesse dos EUA
ele teria sido mais um Frank Sinatra, não só pela voz, pelo timbre,
mas pela facilidade de cantar vários gêneros. Cauby cantava rock,
salsa, bolero, cha cha cha, blues, samba, bossa nova. Uma vez, numa
entrevista, ele me disse “o que vier eu traço. É só me dar cinco
minutos para memorizar a música”.
Veio
para o Brasil porque seu irmão abriu uma boate para ele. Cauby se
meteu em administrar o negócio e em meses a boate faliu. Pior:
perdeu o trem da história nos EUIA. Mas ele não estava nem aí e
seguiu cantando. Aliás, Cauby Peixoto ignorava solenemente o amanhã
e sempre disse que adorava ser tascado e desnudado pelas fãs em
frente a Radio Nacional quando saia dos programas de auditório. “Eu
deixava as roupas mal costuradas de propósito...adora que elas me
deixavam só de cuecas aos gritos de Cauby” Cauby” Cayby”.
Hahahahahaha”.
Grande
figura que vai fazer muita falta, num momento em que sentimos saudade
de um Brasil que a maioria não conheceu pessoalmente, banhado de bom
humor, talentos natos e politicamente incorreto.
Fique
em paz, Cauby!
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