E se liberarem todas as drogas no Brasil?



Nos Estados Unidos foi um fiasco. Entre 1920 e 1933 a lei seca só serviu para turbinar a corrupção e o banho de sangue. Em um primeiro momento, houve um grande apoio à medida mas, depois, o comércio e consumo ilegal de bebidas se tornaram corriqueiros, com o governo fazendo vista grossa, autoridades do legislativo e judiciário embolsando rios de dinheiro sujo. Traficantes e comerciantes ilegais, como Al Capone, em Chicago, montaram grandes esquemas que lucravam com o consumo ilegal. A Lei Seca só acabou no governo de Franklin Roosevelt.

O álcool provoca danos irremediáveis a saúde. O alcoolismo por si só é um drama mundial, inclusive no Brasil, país que abre as pernas para a propaganda desenfreada de álcool em horário nobre de TV, onde mulheres supostamente gostosas vendem cerveja. Ainda nas TVs e também no rádio e em todas as mídias, a figura do vinho, fantasiado de enologia, está presente no cotidiano da classe média, assim como a cachaça continua batendo recordes de vendas (fatura bilhões de reais por ano) em todas as classes e idades. Várias emissoras tem programas especializados em vinho e cerveja artesanal, ou seja, o consumo de álcool é abertamente estimulado.

O álcool é uma droga mais poderosa do que muitas outras. A novidade no Brasil é uma prima da metanfetamina chamada MDMA (conhecida pelo apelido de Michael Douglas), que está se embrenhando no famigerado tecido social. Os terroristas do tráfico armaram uma força tarefa para impregnar os jovens de MDMA, uma droga bem cara que proporciona uma excelente margem de lucro para os sicários. Sicários que distribuem amostra grátis em festas de jovens (público alvo), onde se infiltram com facilidade.

Será o momento de se pensar da liberação de todas as drogas no Brasil como forma de combate e, quem sabe, extermínio do tráfico? Vão dizer “ora, é um absurdo, as pessoas vão morrer de tanto cheiras e se injetar”. Será que vai morrer mais gente dos que os quase 70 mil assassinados por ano, 80% por causa do tráfico de drogas? Se um sujeito compra cocaína na farmácia, cheira tudo de uma vez só e morre? Já não acontece isso todos os dias com a venda ilegal? Se uma pessoa comprar uma caixa de Rivotril e tomar todos os comprimidos, também vai subir. E a criança que leva um tiro na cara no meio dessa guerra civil não declarada?

Liberar todas no Brasil as drogas é impossível porque o tráfico banca os poderosos. Poderosos que estão infiltrados em todas as esferas do poder. Mais: o terrorismo do tráfico sustenta uma cadeia policial/judicial/política que envolve milhares e milhares de pessoas que passam o dia e a noite sabendo que enxugam gelo mas recebem a sua grana em dinheiro, a vista.

Essa discussão de que maconha não faz mal, que isso ou aquilo não detonam a saúde, é mi mi mi da pequena burguesia? Qualquer droga faz mal, assim como qualquer birita detona o organismo. Além do mais, pergunto: se o ser humano não pediu para nascer ele pode escolher como morrer? Se der uma picada de heroína na veia e morrer não seria problema dele? 

É um assunto espinhoso, que mexe com moral, bons costumes, religião, mas também com o falso moralismo dos canalhas. Mas, em nome de uma relativa paz nas ruas acho que valeria a pena discutir essa liberação geral, sem exceções.


Ou não?

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