Lua de Neil Armstrong. Lua dos poetas.
A
lua jamais deixará de ser a musa encantada dos poetas, mesmo depois
que Neil Armstrong desceu do módulo lunar da missão Apolo 11 em 20
de julho de 1969 e pisou o solo lunar com sua bota
prateada. 1969 foi um ano de muitas mudanças, entre elas o maior
protesto contra a guerra do Vietnã reunindo meio milhão de pessoas
em Woodstock. Esse ano foi tão significativo que, inspirado nele,
Paul Auster escreveu o magistral “Palácio da Lua”, livro que
devorei em dias noites.
Fui
cedo para casa para assistir pela TV. Não lembro se foi uma
transmissão ao vivo, mas sei que a narração era de Hilton Gomes,
um célebre locutor. A imagem em preto e branco cheia de imperfeições
me hipnotizou e quase não ouvi o pipocar dos fogos que algumas
pessoas soltaram celebrando aquele momento. Um momento crucial na
história de todos nós que algumas pessoas insistem em dizer que
foi uma fraude, que o homem pisando na lua teria sido uma gravação
simulada em estúdios. Que bobagem.
Na
época, diziam que o fato do homem pisar na lua anularia
seu poder poético. Não acho. A lua continua comovendo, mesmo depois
de Neil Armstrong pisou na sua pele e revelou que o homem não
conhecia a versão maior da solidão. Ele disse depois que “a
solidão na lua é abissal...indescritível..absolutamente
angustiante”.
E
se a humanidade evoluiu, pelo menos cientificamente, devemos muito a
desbravadores heroicos como Armstrong. Aliás, sugiro a todos que
peguem nas locadoras o filme “Os Eleitos”, de Philip Kaufman que
conta a história da corrida espacial de um jeito completamente
diferente. O filme é baseado no livro de Tom Wolfe.
Neil
Armstrong morreu em agosto de 2012 triste com o corte de verbas para
o programa espacial e até se reuniu com Barack Obama para tratar do
assunto. Obama explicou que é uma questão temporária mas, ainda
assim, Armstrong não engoliu. Com razão.
Discreto,
nunca transformou a sua grande viagem numa egotrip pessoal e, só
eventualmente, dava uma ou outra palestra. Por tudo que representa e
simboliza, por tudo que fez, Neil Armstrong, um ícone dos anos 60,
deixa sempre muita saudade.
1969.
Que ano.