Netflix
O
Estado do Rio elegeu (empoderou, como dizem os “muderninhos” politicamente
corretos) uma constelação de medíocres (e safados) e isso aqui
virou guerra civil. Agora não sabemos, sequer, se vamos conseguir
sair de casa, o que dirá voltar. Os governantes assaltaram os cofres
públicos até o talo e decretaram um oportunista “estado de
calamidade pública”.
Sicário,
o governador do RJ pediu tapa na cara quando alugou jatos de uma
empresa de táxi aéreo por R$ 2,5 milhões por mês. Isso mesmo! Com
gente morrendo de fome sem receber salário. Saiu nos jornais de
hoje.
Recentemente
um americano foi assaltado em Ipanema. O bandido levou tudo e, não
satisfeito, deu quatro tiros de pistola nove milímetros na vítima.
Não acertou nenhum e ainda levou uma surra do americano. Na
delegacia a vítima voltou a ver o bandido, teve um ataque de fúria
e, pasme, foi preso. Sim, no Rio o turista leva quatro tiros e acaba
em cana. Só rindo. O americano volta amanhã para Nova Iorque
jurando nunca mais pisar aqui. Culpa dele? Não sabia que a “cidade
maravilhosa” caminha para ser um novo Afeganistão, com todo o
respeito que tenho pelo Afeganistão?
No
rastro do emporcalhamento político administrativo do Rio, muitas
empresas alegam “é a crise...” (sempre ela) e investem no que há
de pior (e mais barato) em mão de obra desqualificada, o que garante
uma boa alavancada nos lucros.
É
quando a vítima, já farto do estelionato político, resolve
espairecer, quem sabe pegar um cineminha. Tudo bem. Entra no carro
(tem que ser um modelo popular para não atrair o verdadeiro
governante, o bandido), paga quase 15 reais de estacionamento no
cinema (se deixar na rua perde o carro, ou metem uma arma na cabeça
dele) e compra o ingresso (R$ 31,00), apesar da sala de espera estar
quente porque parece que o ar condicionado não está funcionando
direito (mentira, é economia de luz).
Próxima
etapa: comprar um saco médio de pipoca e uma garrafinha de água
mineral pequena: R$ 15,00. Entra na fila, espera, espera, espera,
chega a sua vez. Pega a pipoca, a água e caminha para a entrada do
cinema onde um funcionário diz que o sistema de projeção pifou.
Podiam
ter avisado antes? Sim. Mas sabem como é a incompetência. Antes de
ir para a roubada a vítima tentava falar com o cinema por telefone,
mas ninguém atendia. Podiam ter avisado na bilheteria? Podiam. Ou,
quem sabe, lá fora no estacionamento para a vítima não morrer em
R$ 12,00. Afinal, vivemos um tempo de fartura tecnológica. O sujeito
peida aqui e sentem o fedor em Bangladesh.
O
pessoal do estacionamento explica (?) que devido aos assaltos agora
os clientes tem que pagar antes de entrar e não na saída. Consolo:
um rabisco no ingresso autorizando a entrada em outro dia, quando o
sistema provavelmente voltará funcionar. Ou, então, pegar o
dinheiro de volta, como determina o Código de Defesa do Consumidor.
A
vítima chega em casa, entra na página do cinema no
Facebook e reclama. Horas depois uma pessoa sem nome que se
identifica apenas com o modernoso e pomposo título de “equipe
de comunicação de mídias sociais” diz que “vamos apurar o
ocorrido para lhe responder adequadamente”. Ninguém assina. E
ninguém diz nada um dia depois. Meses
depois. Nunca mais.
Dia
seguinte. Apesar de ter percebido que entrou em festa de vara
fantasiada de bunda a insistente vítima retorna ao
cinema com o ingresso rabiscado. Fila na entrada da sala. Quando
chega a sua vez, o porteiro (na verdade peão do gado bípede), mal
humorado diz “tem que pegar a autorização na bilheteria” e
desconsidera o rabisco. A vítima caminha até a bilheteria, consegue
validar o ingresso e finalmente entra no cinema...onde está sente um
pouco de calor, provavelmente porque o ar condicionado está com
problemas (mentira, é economia de luz – 2 -.) Parece até
prefeitura.
Por
isso é melhor ficar em casa e assistir Netflix, ou ir na casa de
amigos. Para começar, não há estresse. Depois, a economia. Nessa
odisseia descrita acima a vítima desembolsou, no total: consumo
de saúde – imensurável; R$ 31,00 do ingresso, mais R$ 12,00
do estacionamento, mais R$ 15,00 da pipoca, mais R$7,00 da
gasolina. Total? R$ 65,00.
Um
mês de Netflix (isso mesmo, um mês!) custa em torno de R$ 28,00 com
um invejável cardápio de filmes e séries, sem estacionamento,
aporrinhação, gente mal humorada, ar condicionado “pifado”,
etc. Fora o Netflix, o sistema de aluguel de filmes do You Tube é
bom e está disponível para TVs com aceso a internet. Lá você
assiste, por exemplo “O Regresso” pagando R$ 10,00, por 24 horas,
“Elvis & Nixon”, R$ 14,00, enfim, um gigantesco catálogo de
filmes.
Não
é só ir ao cinema que virou rali. Em qualquer grande casa de shows
no Rio paga-se em torno de R$ 100,00 para assistir pelo telão, já
que lá de trás não se enxerga (e ouve) nada. Mas quem quiser
desembolsar R$ 250,00 ou R$ 300,00 assiste lá na frente, onde muita
gente fica batendo papo de costas para o artista no palco e teclando
no whatsapp. Fora estacionamento, gasolina, provável
congestionamento.
É
por isso tudo que tirar as pessoas de casa em tempos de
“molambalização” dos caríssimos serviços está cada vez mais
difícil. E, diz a lenda, a tendência e piorar.